No coração do nordeste da Bahia, o Colégio Estadual Professor Carlos Valadares decidiu apostar na convivência entre tradição e inovação, tecnologia e raízes. Localizado na cidade de Santa Bárbara, conhecida como capital do requeijão, o colégio decidiu investir no patrimônio cultural local como ferramenta pedagógica em seu curso técnico em Alimentos e em Agroindústria. E assim, de receita em receita, honra o passado e molda futuros.
O projeto pedagógico da escola foi pensado para aliar formação profissional e identidade local. Tema do nosso Selo Crea de Atitudes Transformadoras de hoje, o colégio é uma prova de como a educação pode transmutar realidades ao abraçar as particularidades de seu território e sua gente.
O ensino técnico tem se mostrado uma alternativa transformadora para jovens, especialmente em cidades do interior, além de apaziguar as dúvidas dos adolescentes sobre aquilo que, de fato, os encontra no mercado de trabalho. No colégio Professor Carlos Valadares, o Projeto Político-Pedagógico (PPP), sempre aliado aos aspectos sociais e culturais da cidade, implementou em 2018 uma fábrica de requeijão em sua unidade, para fomentar as produções dos estudantes e iniciar um diálogo com a indústria. Além desse e outros cursos especializados, a escola desenvolve diversos projetos que fomentam a participação e atuação dos alunos como protagonistas dos estudos e produções feitas no Colégio, a exemplo do projeto de monitoria, o projeto Horta Escolar e Horta em Casa, e a premiada Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA).

Sobre o retorno dessas atividades, a diretora do Colégio, Ladjane Barbosa, relata: “O impacto foi bem positivo, porque os alunos começaram a se envolver. Começaram, junto com os professores, a escrever artigos, projetos, submetendo-os a editais. E aí a escola foi tendo premiações e ganhando editais. E além de ter a colaboração do Estado, com as verbas que são típicas da escola de ensino médio e profissional, a gente também começou a ter ajuda de deputados e premiações. E com isso a gente foi investindo na própria escola”.
Além da participação dos alunos, os projetos também têm dado retorno à própria cidade. A feira do empreendedor, por exemplo, é uma iniciativa que envolve toda a cidade, pois além de apresentar as produções dos alunos, a comunidade e associações de produtores rurais também expõem os seus produtos. Segundo Ladjane: “O retorno que eu observo é o comércio do requeijão, que têm mudado a partir desse movimento que a escola vem fazendo. O futuro que a gente espera é conseguir o reconhecimento da educação geográfica do requeijão de Santa Bárbara. Com a marca da indicação geográfica, a gente pode vender o nosso requeijão para o mundo todo. Então, por exemplo, como muitos consomem o vinho do Porto, quem sabe daqui uns dias as pessoas do mundo todo consigam consumir o requeijão de Santa Bárbara.”. Após tantas conquistas e bons frutos recolhidos nos projetos da escola, o céu é o limite para o Colégio Valadares.

Frutos da terra – Conversamos com Sandra Amorim de Almeida, uma ex -aluna do Colégio, formada no curso de Técnico em Alimentos e Agro Indústria. Hoje, seu filho estuda também no Colégio Valadares. Ela nos relatou como foi satisfatório e empolgante sua trajetória acadêmica, especialmente pelo seu envolvimento com os projetos. Ela desenvolveu dois projetos classificados para serem apresentados em feiras e seminários, um deles sobre a importância das merendeiras e as boas práticas de manipulação de alimentos na escola, e o outro a respeito da diversificação da culinária local de Santa Bárbara, usando ingredientes regionais. O sucesso da sua pesquisa e comprometimento a levaram junto com o Colégio a apresentar o trabalho no Seminário Territorial da Educação Profissional e Tecnológica, lá em Vitória da Conquista.
Conforme Sandra: “Como estudante foi uma oportunidade fantástica, pois além de produzir e inventar receitas, tínhamos a oportunidade de apresentar os trabalhos em outras cidades e estados, e até internacionalmente. E não procuro parar aí não! Quero me aperfeiçoar mais ainda.”. Hoje, ela já é uma profissional formada, mas segue reafirmando a gratidão pela sua passagem como aluno no Colégio Valadares: “Como profissional, sou grata a todos os envolvidos, porque de maneira espontânea e em convivência e aprendizado, me fizeram enxergar o quanto o conhecimento nos faz autênticos”.

Emociona ver o resultado que o Colégio tem conseguido alcançar e quantos caminhos poderão se abrir para seus estudantes, que assim como Sandra desejam seguir aprendendo e ampliando sua formação. A diretora ressalta que os alunos do Carlos Valadares já estão no mundo: “Foi apresentado esse ano o projeto de etanol, e no próximo ano tem apresentações desse projeto no Chile, e em mais três países. E assim, eles participam de outros encontros, seminários, congressos e simpósios no estado da Bahia e no Brasil.”.
É necessário exaltar e reconhecer o trabalho das escolas comprometidas com seu território e sua comunidade, contribuindo com a preservação da memória, cultura e história da região e do seu povo. Seguimos vibrando por esses estudantes que encontram no estudo e na pesquisa caminhos para mudarem suas vidas e a vida de sua cidade!
Maria Clara Carvalho
Comunicação Crea-BA
fonte
https://www.creaba.org.br/selo-crea-colegio-professor-carlos-valadares-e-o-ensino-tecnico-comprometido-com-o-territorio-2/